Porto – modernidade que canta o fado

Foto: Ana Helena Tavares
Bairro da Ribeira e detalhe da Ponte D. Lu�s I
Bairro da Ribeira e detalhe da Ponte D. Luís I

Aliar o antigo e o novo com maestria é o segredo da cidade para encantar olhares.

O Porto tem origem num povoado pré-romano, o qual era denominado Portus Cale, vindo daí o nome Portugal. Devido a feitos valorosos de seus filhos, dentre eles o Infante D. Henrique, navegador destemido, a cidade ficou conhecida como “a invicta” (título que ostenta em seu brasão).

Como local turístico, é um dos mais tradicionais da Europa. A riqueza do seu patrimônio artístico, os locais para degustação do mundialmente aclamado Vinho do Porto e os vastos espaços dedicados ao lazer e à vida cultural são apenas alguns dos motivos que convidam a visitar a Cidade do Porto.

Localizando-se na margem direita do rio Douro e junto à sua foz, é a segunda maior cidade de Portugal. Nela se entrelaçam diversas estradas e ferrovias, o que contribuiu de forma decisiva para tornar a cidade o coração econômico de toda a região norte do país. Como se vê, é extremamente fácil chegar à cidade, seja de automóvel, trem, ônibus, metrô, barco ou avião. No caso dos turistas estrangeiros que lá chegarem de avião encontrarão no aeroporto Francisco Sá Carneiro uma moderna estrutura que se encontra preparada para responder à grande demanda de tráfego aéreo.

Quanto à hospedagem, a cidade dispõe de incontáveis hotéis e, se preferir, o visitante poderá ainda passar sua temporada numa pensão, num apartamento alugado, num alojamento para jovens (albergue) ou, então, num parque de campismo, caso queira o contato direto com a natureza.

Local privilegiado para se fazer compras, o Porto reúne tanto lojas de artesanato português e todo tipo de lojas típicas, distribuídas em seus tradicionais mercados e feiras, como também shoppings moderníssimos. Conta ainda com uma variada gastronomia de fazer sorrir o estômago.

Passeios de barco, salas de espetáculo, cinemas, teatro, muita música, uma animada vida noturna, e até locais com acesso gratuito à internet são algumas das opções de lazer. E para quem pretenda desbravar a cidade, em seus recantos, diversos percursos estão disponíveis (o do Azulejo, o Barroco, o Neoclássico). Se a preferência for pelo ar livre poderá surpreender-se com o percurso Garretiano. E o turista não pode deixar de conhecer a área da Sé, que tem destaques como a igreja renascentista de Santa Clara e o superlotado bairro do Barredo, que parece não ter mudado desde tempos medievais. O bairro da Ribeira é igualmente fascinante com suas ruas estreitíssimas e casas típicas.

Para quem é apaixonado por esportes, ir ao Porto e não conhecer o ultramoderno complexo esportivo do Estádio dos Dragões, pertencente ao seu famoso time de futebol, é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa. E, se não bastasse tudo isso, para quem busca sossego a cidade oferece ainda um sem número de parques e jardins, que tem conservação ímpar e são de encantar qualquer olhar.

A Cidade do Porto pode, enfim, orgulhar-se de seu impressionante ecletismo e da riqueza que construiu: rede de transportes públicos considerada das mais modernas da Europa, sistema eficiente de saúde, cultura em cada esquina e gestão de turismo competente, entre outros fatores fundamentais para a prosperidade de qualquer cidade que se autodenomine metrópole no mundo contemporâneo.

E que o turista não se espante caso esteja num cyber-café e, ao olhar pela janela, ache que as calçadas parecem cantar o fado. Quantas histórias já passaram por elas? Trata-se de uma cidade que se modernizou respeitando suas origens. Não deixe de conhecer, é uma visita inesquecível.

Ana Helena Ribeiro Tavares

Matéria publicada na edição de agosto/2008 do jornal “Correio Carioca”.

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Minha 1ª reportagem – O charme dos carros antigos

– Para o meu avô Antônio Ribeiro, in memorian. Se vivo fosse quando este texto saiu, tenho certeza que esgotaria o jornal em todos os pontos de distribuição que encontrasse pela frente e sairia pelas casas portuguesas e luso-brasileiras gritando: “É da minha neta!”

Um hobby, um esporte, uma paixão e até mesmo uma lição de história. Colecionar automóveis pode ser fascinante.

Recordar um tempo que traz boas lembranças sempre nos traz à mente imagens daquela época. É muitas vezes assim que começa o interesse das pessoas por colecionar e se dedicar a peças antigas, afinal muitas coleções nascem da vontade que se tem de poder guardar consigo partes de uma época, pedaços de uma história – com os carros não é diferente. E quais os critérios que um colecionador usa para definir se um determinado carro é ou não importante para sua coleção? Todos são unânimes em dizer que o principal é a raridade. Mas o que define a raridade de um carro? Provavelmente uma junção de fatores. Seriam eles: a antigüidade; a originalidade (se existem ou não outros iguais); o nome da empresa que desenvolveu sua mecânica ou da pessoa responsável pelo seu designer; país de origem; ou até alguém famoso a quem tenha pertencido o carro. E aonde esses colecionadores descobrem esses carros? Há quem garanta que se a pessoa olhar com cuidado um grande achado pode ser feito no ferro-velho perto de casa… Mas quem gosta e tem condições viaja o mundo à procura daquele carro que lhe chame atenção, que lhe encha os olhos, pode ser em pequenas feiras, mega-exposições, ou, quem sabe, fazendas escondidas. Para quem entende de carros e valoriza raridades, só para citar um exemplo, imaginem o fascínio que é ter em mãos um automóvel de carroceria assinada por Malzoni e mecânica Alfa Romeo de modelo único no mundo. Agora imaginem um ambiente onde se reúnam várias raridades semelhantes a essa, um momento de encontro e confraternização para seus respectivos donos conversarem à vontade sobre esse hobby em comum a todos, trocando experiências e debatendo sobre tudo que possa ter relação com sua paixão. Esses são os clubes de colecionadores de carros antigos. Quem faz parte deles com dedicação separa boa parte de seu orçamento e tempo para essa atividade. Há quem diga que é um hobby, há quem chame de esporte e há muitos que afirmam que a história desses carros se confunde com a de sua própria vida, mas o fato é que seja qual for a maneira como for entendida essa é uma atividade das mais caras. É claro que é preciso dispor de muito capital para investir na compra dos carros e mais ainda para providenciar local adequado para tê-los guardados, mas o que encarece mesmo é a soma incalculável necessária para manter em bom estado mecânicas e carrocerias cujas peças em muitos casos precisam ser importadas ou até feitas sob encomenda. Para se ter uma idéia da dificuldade, um detalhe interessante é que as peças feitas sob encomenda são às vezes feitas à mão pela inexistência de máquinas adequadas. Há ainda outro problema que é a falta de mão-de-obra especializada. “É um trabalho caro e demorado numa área que na cidade do Rio falta gente qualificada. Em São Paulo e no Sul do país, por exemplo, as pessoas parecem se interessar mais por automóveis.” É o que afirma um dos donos de uma oficina mecânica na grande Tijuca, que na juventude queria ser médico e hoje trata seus carros com todo o cuidado e carinho que trataria os pacientes. Ele disse acreditar que se aprende muito lidando com carros antigos e automóveis de uma forma geral: “A indústria no Brasil se desenvolveu a partir da vinda do automóvel para cá. É de certa maneira uma lição de história da industrialização brasileira.” Além disso, ele faz questão de defender o produto nacional: “Dizem por aí que o que é feito aqui é uma porcaria… Não! Nosso produto é muito bom, nosso material é muito bom!” Ele aconselha ainda a quem pretenda entrar para esse seleto grupo dos colecionadores de automóveis a só entrar se tiver de fato certeza que é isso que quer e gosta, caso contrário é melhor nem dar o primeiro passo. Diz ainda que se a pessoa entrar com a esperança de ter lucro nessa atividade também vai se decepcionar logo no início. Segundo esse apaixonado por carros antigos, “uma das coisas que essa atividade pode te dar é a satisfação de ter um carro antigo e passear com ele. É muito mais fácil você ser admirado se chegar num lugar com um carro 1950 em perfeito estado do que com um carro 2008. O 2008 todo mundo está acostumado a ver, o 1950 não.” Ou seja, uma pessoa pode passear pela cidade com seu importado novinho praticamente sem despertar curiosidade, mas se estiver dirigindo uma raridade certamente atrairá olhares de admiração. Pelo que parece há setores em que ser moderno está longe de trazer status.

Ana Helena Ribeiro Tavares

Matéria publicada na edição de abril/08 do jornal de bairro “Correio Carioca”, onde fiz estágio.

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