Sem a mais remota possibilidade de surpresa, o Supremo Tribunal Federal decidirá logo mais que a decisão tomada em 31/12/2010 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou um ponto final no Caso Battisti.
A farsa encenada nos últimos cinco meses terá vindo, portanto, apenas confirmar que dois ministros do STF jamais mantiveram a mínima isenção ao tratar deste caso.
Aqui também não haverá nenhuma surpresa. No próprio dia em que Lula decidiu a pendenga, eu escrevi:
“O que resta, doravante, é um exercício de jus sperniandi por parte do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, que precisa de mais algumas semanas para digerir a devastadora derrota pessoal que acaba de sofrer. E é apenas isto que terá.
…demagogias, mentiras, ameaças, bravatas e buffonatas italianas à parte, permanece o fato de que a dupla reacionária do STF parece querer colocar o Supremo no papel de uma corte internacional que estivesse julgando uma pendência entre o Brasil e a Itália, e não como um Poder brasileiro obrigado a respeitar as decisões tecnicamente consistentes de outro Poder.
Francamente, acredito que ficará falando sozinha, com os demais ministros não a acompanhando nessa aventura insensata e potencialmente catastrófica para nossa democracia“.
Depois de horas e mais horas daquela retórica pomposa e intragável que foi apropriadamente rotulada de juridiquês, será este, inevitavelmente, o desfecho.
Não se excluindo a possibilidade de, face à constatação de que a derrota é inevitável, o próprio relator Gilmar Mendes dela se dissociar, recomendando o acatamento da decisão presidencial.
A única surpresa na destituição de Antonio Palocci foi a demora para se dar o merecido pé na bunda em quem nunca deveria ter integrado o Ministério de uma ex-guerrilheira, pois não só se tornara o símbolo mais conspícuo do abandono das bandeiras anticapitalistas por parte do Partido dos Trabalhadores, como também, à guisa de contribuição pessoal, do abandono da opção preferencial pelos trabalhadores humildes, contra o arbítrio dos poderosos.
Palocci, mais do que ninguém, representa a negação do PT de 1979 (que conservava alguns traços revolucionários) e a afirmação do PT realista, 100% reformista, que aceita executar a política econômica ditada pelo grande capital, limitando-se a distribuir mais migalhas para os explorados do que os partidos burgueses distribuiriam.
Para piorar, o lambe-botas de banqueiros e espezinhador de coitadezas revelou agora uma nova faceta repulsiva: a de novo rico deslumbrado com as benesses que o capitalismo oferece em troca da alma dos que se tornam seus serviçais.
Como pôde descer tanto alguém que começou como trotskista, defendendo a revolução permanente?!
Não havia motivo para homem de esquerda nenhum mover uma palha por sua salvação. Já vai tarde.