Hosana Aleluia! – Alá seja louvado! – Miriam Leitão acertou!

Por Míriam Leitão Os ruralistas disseram que querem mais terra para plantar. Com a produção deles, o Brasil garante a balança comercial, aproveita a alta das commodities, acumula reservas cambiais, entra em todos os mercados como o primeiro do mundo em muitos produtos. Os produtores são parte do nosso sucesso como país.

Quem me avisou do milagre foi Raul Longo, com o seguinte comentário: “A incredulidade é total! Mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, considera a maioria. Mas a prova inconteste de que milagres existem, está aí para vosso testemunho. Que ninguém mais duvide da travessia do Mar Vermelho! Claro que as forças que lhe regem a alma mantém seu instinto de ave de mal augúrio e mesmo comentando matéria a ser votada pelo Congresso cuja base governista já se manifestou contrária a aprovação, já decidiu que “o governo decidiu escolher o menos pior”. Mas, para espanto geral de suas dezenas de leitores chega a admitir o “sucesso do país”, na frase abaixo destacada. No entanto, maiores são os poderes de Deus e não é apenas em detalhes que se opera o milagre que abala o ceticismo dos descrentes e homens de pouca fé. Leiam com atenção e vejam que para o Senhor nada é impossível e quando assim o deseja até o inferno pode se tornar paraíso ou até a Mirian Leitão consegue enxergar a realidade.”

Olho no futuro

Por Míriam Leitão 

Esta semana o Brasil pode tomar uma decisão que vai afetar as futuras gerações. O país tem diante de si muitas dúvidas, mas já tem uma certeza: até agora, errou muito. O Código Florestal não é sobre o conflito entre produtores rurais e ambientalistas, é sobre os erros do passado, as chances e riscos do futuro. O debate tem sido medíocre.

O fotógrafo brasileiro e global Sebastião Salgado passou os últimos anos olhando o presente do futuro num projeto chamado Gênesis, que lembra o passado mais inicial. Fotografa o que resta de protegido na natureza. Essa ideia surgiu quando voltou para a fazenda em que cresceu no interior de Minas, Aimorés. Tudo árido, desmatado, morros pelados, erosões. Nada lembrava a vida cheia de verde que ele tinha visto na infância. Ele começou a replantar. Mil, duas mil, um milhão de mudas de espécies nativas. A água, que havia secado, brotou de novo; as árvores cresceram, voltaram animais, pássaros. A mulher do fotógrafo e autora do projeto, Lélia Salgado, quando me contou o momento da descoberta da água retornada, se emocionou.

Os produtores pensam estar protegendo seus interesses quando defendem anistias e leis que aceitam mais desmatamento. Podem estar secando seus rios, revoltando os leitos que vão mostrar suas fúrias nas tempestades, minando o solo, que vai secar, desabar ou se partir nas crateras da erosão. Podem estar contratando o acirramento de fenômenos climáticos extremos que destruirão suas terras, plantações e a economia do país.

O dilema que está diante de nós é maior do que temos visto. O Brasil é ao mesmo tempo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o país com a maior diversidade biológica do planeta, um dos grandes reservatórios de água. Como é possível conciliar a abundância das chances que temos? Há países que administram a escassez. Temos sorte.

Os ruralistas disseram que querem mais terra para plantar. Com a produção deles, o Brasil garante a balança comercial, aproveita a alta das commodities, acumula reservas cambiais, entra em todos os mercados como o primeiro do mundo em muitos produtos. Os produtores são parte do nosso sucesso como país. Os ambientalistas dizem que o país já destruiu demais. Foram 333 mil km na Amazônia nos últimos 20 anos: 11 Bélgicas, quase uma vez e meia o território do Reino Unido. Além disso, reduziu a quase nada a Mata Atlântica, é insensível ao Cerrado, ameaça o Pantanal, despreza a Caatinga. Os ambientalistas são parte do nosso melhor projeto. Os cientistas fizeram um grupo de trabalho, reuniram mentes brilhantes, estudaram profundamente e fizeram um relatório que alerta para os riscos de o país escolher mais desmatamento. Foram ignorados e disso deram ciência ao país. A Agência Nacional de Águas (ANA) ouviu os técnicos e avisou: sem a cobertura vegetal, vamos perder água; o elemento da vida que está ficando cada vez mais escasso. A agência foi ignorada como se chovesse no molhado.

No meio dessa complexidade, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) escolheu apequenar seu campo de visão e viu apenas um dos lados do polígono. Não entendeu que esses são conflitos não antagônicos, para usar uma linguagem que talvez ele ainda tenha de memória. É preciso ver toda essa diversidade. Escolhendo ouvir só os produtores de visão estreita, ele pode estar revogando os interesses mais permanentes dos próprios produtores. Sem proteção do meio ambiente não haverá água, sem água não haverá produção. Sem meio ambiente não há agronegócio. Os interesses são mais convergentes do que parecem.

Os produtores têm razão em reclamar que a lei mudou no meio do caminho em alguns pontos. Olhar esses pontos com sinceridade é necessário. A ANA lembrou as políticas de incentivo ao desmatamento e as alterações de tópicos da lei e separou o que o projeto misturou: “Quem agiu de boa fé” e “quem comprovadamente gerou passivo ambiental.” O projeto mistura tudo quando anistia quem desmatou até 22 de julho de 2008. O texto como foi escrito estatiza os custos e privatiza o lucro.

Os cientistas alertam que uma pequena alteração feita no texto representa um risco imenso. Se a mata em torno dos rios tiver que ser calculada a partir da menor calha, e não das bordas maiores, os rios da Amazônia que enchem e encolhem ao longo do ano podem perder 60% da sua proteção.

A ANA, a Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) avisam que não se deve mudar o código. A tarefa é aprimorar a lei e melhorar a implementação. A ideia de que uma lei deve ser jogada fora porque muitos não a respeitaram é estranha. Ela não foi entendida nem pelo governo que a baixou em 1965, mas para nossa sorte ela ficou atual. Protege áreas frágeis da erosão e dos deslizamentos. Protege rios e mananciais de água. Cria a obrigação de cada proprietário reservar uma parte da sua terra para a vegetação natural. Está em sintonia com o tempo da mudança climática que já está entre nós.

A oposição desistiu do futuro; o governo decidiu escolher o menos pior. Erram os dois. O sensato é querer o melhor. Olhar para as exigências que o planeta nos faz para as próximas e decisivas décadas. Entender como aumentar a produção conservando os ativos. Fazer mais com cada hectare de terra da agricultura e da pecuária. Tirar mais informação da biodiversidade que recebemos por herança. Não se deve votar com olhos paroquiais. É pelo porvir que se vota, congressistas. Leis não são mudadas para apagar o crime do passado, mas para garantir o melhor futuro.

*Míriam Leitão é colunista de O Globo e publica coluna diária no caderno Economia de diversos jornais, inclusive o Diário de Pernambuco

Fonte (disponível somente para assinantes):

=> http://www.diariodepernambuco.com.br/2011/05/08/economia5_0.asp

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Lula na Europa: críticas a FHC e elogios de Hobsbawm

Em visita a Londres nesta quinta-feira (14), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que afirmou que a oposição deveria esquecer o “povão”. “Sinceramente não sei como alguém estuda tanto e depois quer esquecer o povão. O povão é a razão de ser do Brasil. E do povão fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres, porque todos são brasileiros.”, afirmou Lula, que, na quarta, se encontrou com Erick Hobsbawm, de quem recebeu elogios rasgados. Para o consagrado historiador britânico, Lula “ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas”

Reportagem e fotos de Fernanda Calgaro, do UOL – Internacional

Em visita a Londres nesta quinta-feira (14), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, que afirmou que a oposição deveria esquecer o “povão”. “Sinceramente não sei como alguém estuda tanto e depois quer esquecer o povão. O povão é a razão de ser do Brasil. E do povão fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres, porque todos são brasileiros.”, afirmou Lula.

Em um artigo publicado na revista “Interesse Nacional”, FHC disse que enquanto o PSDB e seus aliados tentarem disputar com o PT influência sobre os “movimentos sociais” ou o “povão”, eles falarão sozinhos.

Lula afirmou ainda que a oposição não pode ser “vingativa” ou “negativista”. “O que o povo brasileiro quer é gente que pense continuísmo no Brasil. Afinal, nós conquistamos o estágio [atual] de auto-estima e a gente não pode voltar atrás. A oposição quer que tenha uma desgraça para ela ter razão e não vai ter”, disse Lula.

O ex-presidente está na Europa a convite da Telefónica, que está arcando com as despesas. Na manhã desta quinta, ele fez uma palestra para executivos da empresa, em que ressaltou as perspectivas de investimento no Brasil e o fortalecimento da democracia na América do Sul. “Toda vez que eu puder viajar e tentar convencer as pessoas de que o Brasil é o país da vez e merece investimento, que tem a democracia consolidada, eu faço isso.” Foi a terceira palestra internacional desde que deixou o governo.

“Tenho que aproveitar o nome que o povo brasileiro me deu para levar para o Brasil o desenvolvimento. O Brasil vive um momento de ouro”, afirmou.

Ao final do evento, ele entrou em uma churrascaria brasileira que fica no mesmo espaço do centro de conferência da palestra, conversou com os funcionários e tirou fotos. Perguntado sobre Dilma, Lula respondeu: “Faz poucos meses, alguns adversários diziam que a Dilma não tinha competência, não era preparada, que era um poste. E hoje todos eles começam a reconhecer que ela era competente, preparada e o maior orgulho é que é uma mulher.”

Sobre a inflação, disse não há perigo de voltar. “Quando estabelecemos as metas de 4,5%, nós colocamos uma banda de 2,5% para mais ou para menos. Portanto, estamos dentro da meta. Quando baixamos da meta e fomos para 3,1% em 2006, ninguém fez um artigo me elogiando. Agora, quando sobe para 4,75% [reclamam].”

Lula criticou mais uma vez quem torce contra o governo e afirmou que a presidente Dilma já tomou as medidas necessárias para evitar a elevação da inflação. “Quando tem um estouro de preços de commodities no mercado internacional, não tem como controlar. O que precisamos nesse momento é de muita tranquilidade. Estou convicto que o governo brasileiro não abrirá mão da responsabilidade fiscal e do controle de gastos. E vai fazer na medida que tiver que fazer as coisas.”

Em relação ao câmbio, Lula disse que depende menos das medidas do Brasil. “Enquanto o G20 não compreender que os Estados Unidos não podem fazer ajuste fiscal às custas dos outros, porque o que ele quer resolver com a redução do dólar na verdade é o seu problema fiscal interno.” O ex-presidente afirmou ser favorável ao país não depender do dólar. “Pode-se criar uma cesta de moedas com os países com os quais o Brasil negocia. Por que Brasil e Argentina têm que usar dólar no nosso fluxo comercial e não utilizam o real e o peso?”

Ele ressaltou ainda que pretende levar experiências bem sucedidas no Brasil, como as relacionadas à agricultura familiar, ao micro-crédito, e o Bolsa Família, e apresentar para os países africanos. “[Mas] não posso chegar lá com o pacote pronto e achar que pode ser implantado. A gente só abre a geladeira da casa dos outros depois que pedir para o dono para abrir e se for educado não abre. Então, não quero chegar com políticas prontas. Quero discutir com eles como é que nós fizemos para ver se há a possibilidade de implantar nesses países as coisas que deram certo no Brasil, a começar pelos de língua portuguesa.”

Na tarde desta quinta, ele embarca para Madri, onde fica até sábado (16), quando volta ao Brasil. Na Espanha, ele vai receber um prêmio da Prefeitura de Cádiz na sexta e, no sábado, se reúne com o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero. À tarde, assistirá ao jogo de futebol entre Barcelona e Real Madrid.

Lula chegou na Inglaterra na noite de terça-feira (12). Na quarta, ele se encontrou com o historiador britânico Eric Hobsbawm, 94 anos, na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. O convite foi feito pela equipe de Lula, que se encontrou ainda com a presidente da ONG inglesa Oxfam, Barbara Stocking. O tema das conversas girou em torno da África.

Lula e Hobsbawm

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas”, opinou Hobsbawm, ícone da historiografia marxista.

Autor do clássico “Era dos Extremos”, Hobsbawm é considerado um dos maiores intelectuais vivos. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando já estava sentado no banco de trás do carro, ao lado da mulher. Falando com dificuldade, o historiador teceu elogios ao governo Lula e disse que espera revê-lo mais vezes. O encontro durou cerca de uma hora e meia.

“Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul.”, disse. Em relação ao seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que “claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente”.

“Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente”, disse.

Sobre o encontro, disse que foi uma “experiência maravilhosa”, especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. “Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo.”

A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm afirmou que só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas ressalta a importância de o país ter a primeira mulher presidente.

“É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher.  Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais”, completou.

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