Hoje a passeata chorou
Você era o mais vibrante dos alunos da escola
Você sorria radiante, você lutava até por bola
Hoje você se cala, mas a luta continua
O povo ainda rala, ainda clama, ainda sua
Hoje a passeata chorou pela falta de você
Quem não te viu chorar
Não consegue mais te ver sorrir
Quem te viu lutar
Não aceita o seu fugir
Quando a tortura começava você era o mais valente
E se a dor apertava a sua força era na mente
Hoje o país é outro e a tortura é de outro tipo
Mas existe e você nada, como se não fosse mais contigo
A nossa música, você lembra? Era forte, era protesto
A utopia era o que importava, pra depois ficava o resto
Hoje, saudoso, eu visito aquelas praças que tinham vida
Pra dizer aos meus olhos que buscamos uma saída
Todo dia olho no espelho e me orgulho daquelas bolinhas
As de gude, que jogamos, pra derrubar cavalarias
Imaginas como me dói escrever-lhe estas linhas?
Assistindo-o ir à TV dizer tantas patifarias?
Quem teve ânsia de justiça, não se acostuma à covardia
Quem quis mudar o mundo, não o vive sem magia
Não sei como você pode ter vendido a sua alma
É triste, é deprimente, não me peça pra ter calma
Hoje a passeata chorou pela falta de você
15 de Agosto de 2010,
Ana Helena Tavares
Livremente inspirado na letra da música “Quem te viu, quem te vê“, de Chico Buarque.
Categorias:Brincando com os versos, Paródias poéticas, Todos os poemas
Seu verso Ana, me lembrou o embaraço com que ficou o candidato Gabeira no debate da Band, ao ser chamado por outro candidato de ex-Gabeira e ao ser acusado pelo candidato do PSOL de hoje aceitar o apoio do DEM. Realmente, a história de vida do Gabeira é o oposto do DEM. Mas ele disse que lutou contra a ditadura na adolencência…Talvez a maturidade tenha lhe tirado os sonhos.
Marcia Eloy
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Não, não, de jeito nenhum, eles jamais serão julgados e muito menos condenados; e morrerão tranquilos, felizes e milionários no conforto de suas mansões. Já estou cansado de ver esse fiilme; portanto, já sei o final.
Gostaria muito de ter a esperança do cidadão Sr. Jetro.
Mas no mais concordo com ele em gênero, número e grau. Gostaria muito de escrever assim. Mas já que não sei, você escreve por mim. Afinal, os poetas estão aí pra isso, não é, truduzir a vida para os não-poetas.
Lindo, é o mínimo que se pode dizer.
Abraços, Jornalista Ana Helena.
De, Valdete.
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É uma pena que essa gente que tanto condenava a ditadura entreguista, agora esteja defendendo coisas ainda piores, num crime
de lesa pátria, pois tentam privatizar até a alma duma nação. Um dia eles serão julgados e condenados por venderem também suas almas ao demonio do capitalismo globalizado.
Ana Helena, menina Ana, linda até nas coisas que escreve, parabéns pelo poema !!!
E eu aqui fico só na vontade de poder escrever coisas assim e não consigo, mas que se dane
a minha pobreza de escrita, você também escreve por mim. Tou orgulhoso dos teus escritos. Parabéns!
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