
– Para meu amigo Antônio Baptista, lisboeta duro na queda.
Um pequeno roteiro para se aproveitar a capital portuguesa
Diz a lenda popular e romântica que Lisboa foi fundada pelo herói grego Ulisses e que, tal como Roma, o seu povoado original era rodeado por sete colinas. O nome da cidade deriva de “Olissipo”, termo que tem origem nas palavras fenícias “Allis Ubbo’, que significam “porto encantador”.
Lisboa é uma capital histórica com um caráter e um encanto fora do comum, onde 800 anos de influências culturais diversificadas se misturam com as mais modernas tendências e estilos de vida, criando contrastes verdadeiramente espetaculares.
Situados na sua maioria no centro, os bairros históricos são destino imprescindível para quem se desloque à capital portuguesa. Pela cultura, pela história, pelas pessoas ou simplesmente para passear descontraidamente, é imperativo descobri-los. Fazendo parte estrutural da identidade lisboeta, estes bairros proporcionam traçar um verdadeiro mapa pessoal da cidade. As possibilidades são imensas.
O Bairro Alto é um dos mais emblemáticos e atraentes para viver a cidade. Bons restaurantes lado a lado com livrarias intimistas, que sempre guardam boas surpresas, convivem com casas de chá acopladas a lojas de roupas desenhadas por alguns dos mais conceituados artistas portugueses. É um bairro apaixonante, cheio de atrações, combinando ousadia e sofisticação com tradição e antiguidade. Passear no Bairro Alto é um ato irrepetível em qualquer outro ponto da cidade.
A zona do Carmo tem alguns pontos históricos fascinantes, como o Convento e a Igreja do Carmo, que mantém elegância e imponência. Aí poderá visitar as ruínas, mas também o Museu Arqueológico do Carmo, que inclui um numeroso legado de peças pré-históricas, romanas, medievais, manuelinas, renascentistas e barrocas. O Largo do Carmo é também um local emblemático da história nacional recente, tendo sido palco privilegiado da Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974. A ligação entre o Carmo e a Baixa é feita através de outro monumento fundamental da cidade, o irresistível Elevador de Santa Justa.
No topo deparamo-nos com uma belíssima vista sobre a Baixa Pombalina. Não perca a oportunidade de utilizar este elevador vertical centenário, único deste tipo no mundo a prestar um serviço público e que, tendo sido concebido por um discípulo de Gustave Eiffel, mantém um estilo bem peculiar.
Vale visitar ainda a Sé de Lisboa, datada de 1150 e mandada construir por D. Afonso Henriques. Próximo à Sé, a subida para o encantador Castelo de São Jorge proporciona aos visitantes uma bela vista da cidade. A colina onde se localiza o Castelo é uma das que envolve o tradicionalíssimo bairro de Alfama que, com seus mundialmente conhecidos bares e restaurantes onde se toca o mais puro fado, é parada obrigatória para quem queira respirar por alguns momentos a alma portuguesa.
Já na zona de Belém não se pode deixar de conhecer o lindíssimo Mosteiro dos Jerônimos, onde se acredita que foram sepultados Vasco da Gama e Luís de Camões. É também nessa zona da cidade que se encontra o Padrão dos Descobrimentos. O monumento, de 1960, celebra o quinto centenário da morte do Infante D. Henrique, homenageando este impulsionador dos Descobrimentos, mas também os principais desbravadores portugueses.
De lá os navegadores partiram para descobrir o mundo. Lisboa hoje convida o mundo a descobri-la.
Ana Helena Ribeiro Tavares
Matéria publicada na edição de setembro/2008 do jornal “Correio Carioca”.