Chico Buarque fez aniversário no último dia 19. Recebi o poema abaixo de seu autor, Maurício Porto, e publico como justíssima homenagem.
Minha vida mudou totalmente
quando na minha pequena vitrola,
aquele rapaz, Francisco,
simplesmente me fez acreditar
simplesmente me fez acreditar
que ela, a vida, é pura poesia.
Por causa dele,
O teto e as paredes
do meu quarto,
O teto e as paredes
do meu quarto,
desapareceram
Minha namorada e eu na cama,
de repente, olhando para os lados
ou para o alto, era puro céu.
Um céu imenso, que eu só via um igual
Um céu imenso, que eu só via um igual
quando com ela para Mauá viajava.
Para o meu amor e eu,
ele nos fez crer,
na eternidade das estrelas
e na possibilidade de um amor eterno.
No chão eu não via o céu,
só roupas, tacos, o tapete,
a vitrola e os discos.
Prefiria o chão real de Francisco
e na possibilidade de um amor eterno.
No chão eu não via o céu,
só roupas, tacos, o tapete,
a vitrola e os discos.
Prefiria o chão real de Francisco
do que o de Orestes com suas estrelas.
Ele me fez vê-lo mais de perto,
duro muitas vezes,
mas sem jamais perder a poesia.
duro muitas vezes,
mas sem jamais perder a poesia.
Não somente o chão mas,
tudo que na vida vi e vivi.
No cotidiano,
Nas construções,
Nas ruas dos pivetes,
no Brasil dos brejos da cruz,
na minha querida Mangueira,
Derradeira estação,
no Subúrbio, coração.
Na alegria e na tristeza
dos meus casamentos.
No sensível olhar
dos olhos nos olhos,
das minhas separações.
Na roda viva, das trevas da ditadura,
na esperança, apesar deles,
na minha subterrânea e escondida luta.
Mas principalmente, para mim,
nos amores e nas paixões
do que será que me dá.
Francisco já nasceu eterno.
No cotidiano,
Nas construções,
Nas ruas dos pivetes,
no Brasil dos brejos da cruz,
na minha querida Mangueira,
Derradeira estação,
no Subúrbio, coração.
Na alegria e na tristeza
dos meus casamentos.
No sensível olhar
dos olhos nos olhos,
das minhas separações.
Na roda viva, das trevas da ditadura,
na esperança, apesar deles,
na minha subterrânea e escondida luta.
Mas principalmente, para mim,
nos amores e nas paixões
do que será que me dá.
Francisco já nasceu eterno.
Um anjo de olhos azuis,
um santo tímido,
um orixá guerreiro,
mais um deus brasileiro.
Chico, muito obrigado!
Feliz aniversário!
Maurício Porto
Rio, 19 de junho de 2011
=> Maurício mantém o blog “Ladeiras do Silêncio“