Patricia Arce e Dom Adriano Hypólito: as tintas da intolerância e do fascismo

De todas as violências praticadas por grupos da extrema-direita na Bolívia, no atual processo golpista, o episódio mais chocante talvez tenha sido o sequestro de Patricia Arce, prefeita de Vinto, cidade de 60 mil habitantes na região de Cochabamba.

Rogério Marques

Por Rogério Marques, jornalista

De todas as violências praticadas por grupos da extrema-direita na Bolívia, no atual processo golpista, o episódio mais chocante talvez tenha sido o sequestro de Patricia Arce, prefeita de Vinto, cidade de 60 mil habitantes na região de Cochabamba.

Foto: STR/AFP

Patrícia teve os cabelos cortados por homens e foi pintada com uma tinta avermelhada, certamente por ser filiada ao Movimento ao Socialismo, mesmo partido do ex-presidente Evo Morales. Tudo foi filmado, fotografado e mostrado ao mundo através de redes sociais.

O episódio fez lembrar um outro ocorrido no Brasil em 1976, durante a ditadura militar, governo Geisel. O bispo de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, Dom Adriano Hypólito (1918 – 1996), também foi sequestrado e pintado de vermelho, além de sofrer espancamento e ter sido deixado nu.

Foto: acervo O Globo

Dom Adriano fazia um importante trabalho social na Baixada Fluminense e era um crítico da ditadura militar. O bastante para ser apontado como comunista por militares da extrema-direita, que na época praticavam atentados e assassinavam, na tortura, militantes como o operário Manuel Fiel Filho, em São Paulo.

No caso da prefeita Patricia Arce, o ato de cortar os cabelos tem também um simbolismo machista, como em guerras e conflitos étnicos no passado. A agressão não parou por aí: Patricia foi obrigada a caminhar suja, descalça, cabelos cortados em meio ao bando que a xingava.

Depois de resgatada pela polícia, ainda atônita, muito abalada, a prefeita declarou aos jornalistas: “”Sou livre e não vou me calar. Se querem me matar, que me matem. Como eu disse um dia, darei a minha vida por esse processo de mudança”.

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Assista Marighella

Como parte das rememorações pelos 50 anos do assassinato de Carlos Marighella, o cineasta independente Carlos Pronzato resolveu disponibilizar na rede gratuitamente o documentário que fez sobre o ex-guerrilheiro. Assista.

Como parte das rememorações pelos 50 anos do assassinato de Carlos Marighella, o cineasta independente Carlos Pronzato resolveu disponibilizar na rede gratuitamente o documentário que fez sobre o ex-guerrilheiro. Assista: https://bombozila.com/carlos-marighella-brasil/?fbclid=IwAR2Yvkl52RCd0HOaJ0Ce7yE03-0ezUtRDryEwelkpb6F58sDzNmoofjOUqo

CARLOS MARIGHELLA. QUEM SAMBA FICA, QUEM NÃO SAMBA VAI EMBORA (Documentário/ 90 min./ 2011/ Brasil/ direção: Carlos Pronzato)
O documentário – que foca principalmente o período da luta armada de resistência à Ditadura Militar, de 1964 até a morte de Marighella, em dezembro de 69 – é um resguardo e instrumento de difusão da memória do deputado comunista e guerrilheiro da ALN – Ação Libertadora Nacional – Carlos Marighella (1911 – 1969).
O testemunho de militantes políticos que acompanharam a trajetória de Carlos Marighella, estudiosos do tema e pesquisadores dão o tom no documentário. O seu filho, Carlinhos Marighella; o último comandante do GTA da ALN, Carlos Eugênio Clemente; os militantes da ALN, Manoel Cyrillo, Guiomar Lopes, Takao Amano, Carlos Fayal, José Luiz Del Roio, Antonio Carlos Fon, Rafhael Martinelli, Rose Nogueira; os historiadores Muniz Ferreira, Edileuza Pimenta; os jornalistas e escritores Emiliano José e Alípio Freire, entre outros, são alguns dos entrevistados.
Selecionado para o 3° Festival Internacional de Cine Político/Argentina-FICIP 2013
Lançado durante as comemorações do centenário de nascimento de Carlos Marighella em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 2011 e e

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